VINHAS VELHAS
GLAD WINE UNIPESSOAL, LDA
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O aviso já tinha chegado com a anterior prova do seu irmão em branco, também do mesmo ano. O recente projecto dos enólogos e amigos Décio Coutinho e Paulo Amaral com esta nova marca Pingolé é algo sério, com uma singularidade e identidade próprias, com vinhos que nos fazem parar no caminho, na passada acelerada, reflexo de uma região e num sentido muito puro e cru.
Assim encontramos este Pingolé tinto, expressão de uma vinha velha com mais de 60 anos, localizada em Valença do Douro, no Vale do Rio Távora, e com mais de 20 castas tradicionais do Douro. Um vinho de parcela, criado a partir de algo único, complexo e harmónico, que se mostra mais recatado ao primeiro contacto, revelando-se com o tempo de abertura da garrafa, camada sobre camada, com um potencial gigante para aguardar em sono longo na nossa garrafeira, mas garantia de prazer imenso desde já. Junte-lhe javali estufado de longa cozedura, à antiga, ou umas bochechas de porco com o mesmo tratamento. Uma esmagada de batata bem feita ao lado para ensopar, para lhe dar guarida. Que delicia.
Cor vermelho rubi,
No nariz pontua a fruta vermelha madura e fresca, com a fruta de bosque e preta silvestre num registo elegante, floral bem medido, a que se juntam notas da sua passagem por barrica bem integradas, componente especiada envolvente, leve baunilhado, subtil, dando mais relevo à especiaria e recorte balsâmico, alguma caruma, pinhal, perfil desafiante, vivo e bonito. Na prova de boca mostra-se em continuidade com a experiência olfativa, complexo e quase como construído em camadas, capta a atenção, seduz com volume generoso, mantendo ainda assim o traço de elegância e frescura, com vivacidade e secura fina, textura macia, embora mordiscável, fruta bem bonita, sumarenta e fresca e tanino firme e Senhor, conjunto uno, harmonioso, com final de boca longo e prazeroso.

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