quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Anselmo Mendes Contacto 2023 Branco

ANSELMO MENDES CONTACTO 2023 BRANCO | VINHOS VERDES | 13% | PVP  9€
ALVARINHO
ANSELMO MENDES VINHOS, LDA
17,5

A Food & Wine elegeu recentemente este vinho como Melhor Branco do Mundo, justificando a escolha principalmente pelo seu preço e o que este oferece nesse patamar, deixando também a confidência o prazer que deu a beber aquando da passagem por terras lusas. 
Se é mesmo o melhor vinho branco do mundo? Tenho as minhas dúvidas, até porque o melhor do mundo em qualquer coisa acaba por ser muito subjectivo, aliás, na minha opinião, Anselmo Mendes assina outros vinhos bem superiores ao Contacto, no entanto, é sempre bom ver o vinho português e a casta alvarinho aparecer com este tipo de destaque numa publicação com este prestígio. 
Influencia o consumidor fora de portas, mas também aporta curiosidade ao consumidor interno. Assim, como reconheço o potencial de guarda do vinho, fugi à tentação de mexer na garrafeira e fui bebe-lo à mesa na Tendinha, onde ainda há muitas garrafas, em companhia de um prato de presunto ibérico  devidamente fatiado e camarão cozido. Não será o melhor do branco do mundo, mas é um grande vinho branco do mundo. 
Cor amarelo citrino intenso, leve esverdeado, luminoso, aspecto límpido e jovem. Elegante e delicado de aromas, mostra bem a fruta tropical bem arrumada junto das notas de fruto de pomar e citrino maduros, componente minareal vincada, salino e fresco. Boca de volume médio, textura macia e fina cremosidade, acidez crocante, envolvente, deixando sair a fruta cheia de sabor, leve tensão que nos cativa os sentidos, muito preciso, com final de boca longo e persistente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

M.O.B. Gauvé 2015 Branco

M.O.B. GAUVÉ 2015 BRANCO | DÃO | 13,5% | PVP  54€
VINHAS VELHAS
MOREIRA, OLAZABAL E BORGES, LDA
18,5

No último par de meses tive o privilégio de poder beber este vinho em três ocasiões diferentes. Quando estamos perante um branco gigante do qual apenas se produziram 750 garrafas (informação no contra-rótulo) temos mesmo de aceitar que, pelo menos no vinho, se está com alguma sorte.
Números à parte, este M.O.B. Gauvé, nasce de uma vinha centenária com esse nome situada em Gouveia, com a curiosidade de ser o nome original dessa localidade. Beneficia de solo granítico, do clima frio da Serra da Estrela e da mistura de castas tradicionais do Dão presentes na mesma. Magnifica a forma como estes três enólogos com origens durienses nos fazem chegar um vinho com a expressão de delicadeza, elegância e profundidade tão típicas de um puro Dão.
Encontra-se num momento de forma incrível, mantendo um registo marcado pela mineralidade do perfil, pedregoso, destacando-se a sua elegância, riqueza e complexidade, sendo com mestria que se junta à mesa com pratos de igual complexidade e natureza. O bacalhau bem regado com azeite, uma cataplana de tamboril e mariscos ou um queijo de pasta mole Serra da Estrela. 
Cor amarelo citrino com leve tonalidade palha, límpido e ainda com pouca nota da passagem do tempo. Elegante no plano aromático, fruta de pomar e citrinos maduros, pitada floral, notas da passagem por barrica bem ligadas, ligeiro amanteigado, com camada mineral a juntar-se ao conjunto harmonioso e rico. Impressionante de boca, com juventude notável, textura macia, envolvente, untuosidade bem medida, acidez vivaz, boa tensão e comprimento, componente salina e mineral lado a lado com fruta, precisão e amplitude, com término de boca longo e persistente. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Mainada Baga 2021 Tinto

MAINADA BAGA 2021 TINTO | ALENTEJO | 14% | PVP  24€
BAGA
MAINOVA SOCIEDADE AGRÍCOLA, LDA
17,5

A baga, casta ícone da região da Bairrada, habituou-me a olhar para ela como só podendo satisfazer o meu íntimo vínico quando proveniente dessa região que adoro. Contudo, nos últimos anos, a baga começou a saltar muros com mais frequência e a aparecer a solo também noutras regiões vitivinícolas do nosso País. Do Alentejo têm chegado os vinhos que mais me têm surpreendido neste sentido, continuando a mostrar uma baga que, ainda que diferente da nascida no seu berço de eleição, tem mantido um registo de frescura notável, fruta muito bonita e definida, mostrando carácter e personalidade únicas. 
Este Mainada aponta nesse sentido, fruta imersa em notas mais terrosas e especiadas, perfil fresco e airoso, encontrando boa companhia nos pratos regionais mais complexos, sejam ele uma Sopa de Cação ou um Cozido de Grão à Alentejana.   
Cor vermelho rubi de média concentração, luminoso, aberto, aspecto límpido e jovem. No nariz notas de fruta vermelha madura, muito fresca e alegre, lado a lado com componente terrosa, chão molhado pelas primeiras chuvas no final de verão e especiaria bem medida. Na boca oferece uma experiência muito neste registo de frescura da fruta vermelha e das notas mais terrosas, médio volume, tanino polido, amplitude de boca mais generosa, com final longo e persistente.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Quinta da Carregosa Vinhas Velhas Reserva 2017 Tinto

QUINTA DA CARREGOSA VINHAS VELHAS RESERVA 2017 TINTO | DOURO | 14,5% | PVP  22€
VINHAS VELHAS
CARREGOSA VINHOS, LDA
16,5

Chega ao copo, como se impunha, a uma temperatura um pouco mais baixa que o habitual, por forma a evitar que, uma subida mais rápida da temperatura, lhe fosse subir também a sensação de álcool e fruta mais compotada. Será o que costumo chamar de tinto de inverno, daquele mesmo frio, e que normalmente casa bem com pratos de carnes vermelhas.  
Cor vermelho rubi de média concentração, nuances violáceas, límpido, de lágrima escorreita, aspecto jovem. No nariz surge com a fruta vermelha e preta maduras num plano elevado de exuberância, notas compotadas, baunilha, chocolate, especiarias, nota fresca em fundo, pitada de hortelã. Boca pujante, cheia de vida, garra, macio de textura, acidez equilibrada, mostrando, mais uma vez a fruta madura e cheia, tanino polido, mas presente, conjunto largo, denso, algum calor, final de boca longo.

Caves São João 1982 Tinto

CAVES SÃO JOÃO 1982 TINTO | BAIRRADA | 12,1% | PVP  31€
BAGA, TOURIGA NACIONAL
CAVES SÃO JOÃO - SOCIEDADE DOS VINHOS IRMÃOS UNIDOS, LDA
17

Esta publicação não é relativa a um novidade, a uma nova colheita, mas podia ser, tal é a forma com que se apresenta este vinho já nos seus 42 anos de vida. Durante a mais recente tentativa de arrumação da garrafeira lá apareceu uma caixa com elas. Enroladas em papel vegetal. Tinha de abrir uma o quanto antes.
A oportunidade surgiu ainda durante a semana da arrumação. Um almoço que prometia pernil assado no forno ou uns lagartos de porco preto. Pareceu-me adequado. Pelas 11:00h saltou, por fim, a rolha, com alguma dificuldade, todavia inteira. Aspecto reduzido, velho e com, mais ou menos, cerca de 60% dela com aparência de estar embebida no néctar. Ainda assim, com densidade suficiente para aguentar o Durand cá da casa (saca rolhas nomal + saca rolhas de pinças).
Assim que aberto chamou desde logo à atenção pelo aroma, prometia. Procedi a uma decantação lenta e sem porrada, limpou e não havendo sujidade na garrafa, voltou para a mesma. Descansou. Pelas 12:30h lá foi para o copo. Cum c#$%&/?!!! Como é possível? Disto já não se faz. 1982? Voltei a olhar para a garrafa e reparo que na linha abaixo do ano de colheita se indica 12,1º de álcool... e anda para aí vedetas a dizer que com baixa graduação o vinho perde capacidade de envelhecimento. Não me moam!
Cor vermelho rubi média concentração, mais aberto e luminoso, tonalidade tijolo, aspecto cativante. No nariz evidência ainda a presença da fruta vermelha e preta, fruto de bago, ginja macerada, pincelada floral, compenente de bosque fresca e envolvente. Boca segura, vivaz, textura macia e aveludada, mas mostrando ainda algum nervo, com secura bem medida, gradual e com a presença da fruta a juntar-se sem mácula. Tanino polido, o tempo aparou o que havia para aparar, sem lhe retirar presença, conjunto uno e harmonioso, com final longo e prazeroso.