segunda-feira, 29 de junho de 2020

Os Vinhos Rosé Portugueses Estão Menos Cor de Rosa

*imagem com Direitos Reservados.
Os vinhos rosé portugueses estão menos cor de rosa. E não é só na cor. Apesar de ser um dos tipos de vinhos que mais sofre com o estigma da cor e de preconceitos variados, não podemos ser fundamentalistas e afirmar que não gostamos deles só porque sim, sem os provar e sem lhes dar uma hipótese. 
Julgamo-los à partida. São vinhos para senhoras - dizem muitos-; são restos de vinho branco e vinho tinto - dizem outros tantos -; nem sequer se podem considerar vinho - afirmam com toda a certeza também alguns -; todos eles cheios de certezas, não se apercebendo do que está a acontecer com a qualidade do vinho rosé em Portugal. 
Cada vez mais uma aposta forte de enólogos e produtores, talvez em consequência da actual demanda crescente do mercado, têm surgido néctares rosados, das mais variadas regiões do País, que são autênticas obras de arte, superando até, e em cada vez mais casos, as grandes marcas mundiais reconhecidas como berço natural deste género de vinho.
Fugindo da cor rosada intensa e carregada de outrora, temos agora os rosados mais claros, os salmonados intensos e alguns até quase sem cor. Aromaticamente menos enjoativos, mais elegância, finess e delicadeza, tudo muito mais arrumado e aprumado. Na boca começam a pontuar cada vez mais pela secura e não pela doçura, quantas vezes irritante e potenciadora de ainda mais sede nos causar quanto procuramos exactamente o contrário.
Como apaixonados ou simples consumidores de vinho temos de ter coragem, assumir o risco, sair da nossa caixa onde já conhecemos tudo e experimentar, mesmo que por vezes não tenhamos a experiência mais satisfatória.
Deixo a sugestão de três vinhos rosé que me surpreenderam no último mês. São de três regiões diferentes e cada qual com o seu perfil, mas todos a caminhar na direcção certa, com uma elegância fenomenal, grande aptidão para a mesa e, o fundamental, a darem muito prazer ao serem bebidos.

O primeiro vem da região de Lisboa, do produtor Casal de St. Maria, em Almoçageme, em pleno terroir de Colares, com inflência directa do ventos carregados de maresia e condições metereológicas que só o microclima sintrense consegue oferecer. O MAR DE ROSAS 2019 é um rosé com estágio em barrica, pouco notada, mas que lhe dá uma amplitude enorme. Frutos vermelhos naduros, elegante, seco de boca, dos três aquel com mais volume e macieza, leve e fino. Bebe-se num ápice Peixes no forno, solha, pregado ou então um magret de pato com um risoto simples.(19,90€).

Da região dos vinhos verdes, terroir de Monção e Melgaço, chega-nos o SOALHEIRO 2019 feito a partir das castas Alvarinho e Pinot Noir, salmão intenso e aberto na cor, fruta de pomar e fruto vermelho, cereja, framboesa, acidez no ponto, bela secura, leve e com traço salino final fresco e envolvente. À mesa arriscaria sem medo um bacalhau à lagareiro. (12€)

Por último, o Alentejo mais fresco, bem perto da Barragem de Montargil, o Monte da Raposinha brinda-nos com o MONTE DA RAPOSINHA 2019, um rosé de cor mais carregada, que nos mantém em expectativa até o colocarmos no copo e o bebermos. A fruta vermelha madura destaca-se, ladeada e bem por notas florais bem medidas. Boca com muita leveza, bela acidez, fruta bonita, o mais doce dos três, sem cair no exagero e ao qual juntaria um momento com bom sushi. (7,90€)

Em breve, a não perder aqui no blog, as notas de prova completas dos três vinhos.

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