sábado, 22 de janeiro de 2011

Visita à Herdade das Servas

No passado dia 20 de Janeiro, a convite do Produtor, visitei a Herdade das Servas, em Estremoz. A visita compreendia conhecer a vinha do Azinhal (90 ha), a vinha da Judia (55 ha) e a vinha das Servas (55 ha), a Adega situada na Herdade das Servas e a prova do Herdade das Servas Touriga Nacional 2003, 2004, 2005 e 2006 harmonizada com pratos especialmente criados para esta ocasião pelo conceituado Chefe Augusto Gemelli.A Touriga Nacional, casta na qual a Serrano Mira - Sociedade Vinícola SA, sob a chancela Herdade das Servas, decidiu apostar desde sempre, é trabalhada na vinha por Carlos Mira e na Adega pelos Enólogo Luís Mira e Tiago Garcia. O resultado tem sido a produção de vinhos de elevado potencial de envelhecimento e sentido gastronómico.
A visita em si começou com a nossa chegada à Herdade, e com a degustação de tapas alentejanas de queijo e enchidos da região , acompanhadas com o Monte das Servas Branco Colheita Seleccionada 2009. Um casamento perfeito. Um branco de aromas intensos a fruta tropical bem madura , com notas de mel dando uma sensação de doce. Na boca continua a sentir-se a fruta, com corpo, untuoso até, com muita complexidade e elegância. A temperatura andava na ideal.
Devido às condições meteorológicas não foi possível a visita às vinhas, pelo que passamos de imediato à Adega. Acompanhados pelos actuais administradores da Serrano Mira - Sociedade Vinícola SA, foi-nos dado a conhecer uma Adega moderna, equipada com a mais actual tecnologia de recepção, vinificação e envelhecimentos de vinhos, e que dão origem a tintos, brancos e rosés de elevada qualidade, quer para o mercado nacional quer para exportação, sob as marcas Herdade das Servas, Monte das Servas e Vinha das Servas. Por falar em exportação, este é um dos principais desafios que actualmente a Herdade das Servas tem em mãos. Os seus vinhos estão já presentes em países como a Alemanha, Angola, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Suíça e outros. No decorrrer desta parte da visita, observámos ainda a linha de enchimento e de todas as questões colocadas recordo-me especialmente de uma que aqui faço especial referencia.
Foi perguntado se a Herdade das Servas não estaria a pensar em apostar também no emergente Bag-In-Box à qual se ouviu uma quase imediato a seguinte resposta do Luís Mira: " Enquanto puder evitar vou passar ao lado do Bag-In-Box. Nunca gostei da ideia de vinho "engarrafado" em sacos plásticos." Assino por baixo.
O espaço na Herdade das Servas tem ainda lugar para uma sala de provas, um restaurante com capacidade para 80 pessoas e a indispensável loja da Herdade.
Seguimos então para o almoço apresentado previamente com particular detalhe pelo Chefe Augusto Gemelli e que permitiu perceber muito bem o porquê da escolha de cada ingrediente em face dos Herdade das Servas Touriga Nacional que iria ser dados a provar.
De entre os Touriga Nacional servidos a minha preferência recaiu, outra vez, no de 2003. Com muita fruta vermelha madura, floral, especiarias, alguma tosta e especialmente com muita frescura. Continuo a ser surpreendido, pela positiva, por este vinho que parece estar cada vez melhor sem perder a frescura e elegância com o passar dos anos. Como parceiro do "Carpaccio" de Espadarte marinado sobre creme de grão de bico ao cominho, portou-se com distinção. Tanto o vinho como a comida andaram lado a lado sem se anularem um ao outro.
O Touriga Nacional 2004 acompanhou também com notável perfeição o Polvo caramelizado e fumado em cama de "papa" de tomate e hortelã. Também muito frutado de aromas, com especiarias e a notar-se um pouco mais a madeira. Na boca apresentada bom corpo, volume e ainda muita garra. Grande envelhecimento.
Destaco ainda a prova, não esperada, do Herdade das Servas Touriga Nacional 2008. Ou muito me engano ou temos aqui mais um diamante. Ainda não está para breve a sua comercialização pois ainda necessita de repouso, mas demonstra já qualidades premonitórias de mais um vinho de qualidade acima da média e com capacidade para se tornar em mais um clássico desta casa. Bom trabalho a toda a equipa.
Quanto à ementa destaco o "Ravioli" de massa de espinafres recheado com farinheira de presunto e azeitona e o "Carpaccio" de espadarte marinado sobre creme de grão de bico ao cominho. Adorei. Nota especial para o "Bolinho" de maçã com caril. O sabor oriental transmitido pelo caril funciona de forma interessante na relação com a maçã. Tenho de experimentar umas coisinhas.
Por último, um agradecimento especial a toda a Herdade das Servas, mas em especial à Luís Mira, ao Carlos Mira, ao Tiago Garcia, ao Artur Diogo e à Joana Pratas, ao Chefe Augusto Gemelli pela excelente harmonização e pela sua forma de estar sempre disponível, e a todos os restantes convidados que de uma forma ou de outra, pela interacção que se estabeleceu no grupo, foram também chave para o sucesso deste evento.

2 comentários:

  1. Eu não pude ir, por motivos profissionais. Que pena...! :(

    Mas parece ter valido realmente a pena...!

    Cumprimentos,

    Sérgio Lopes
    http://enofiloprincipiante.blogspot.com/

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  2. Caro Amigo Sérgio,
    Se valeu a pena? Esta casa já me de facto já não surpreende. Qualidade no Vinhos e Qualidade na Casa e em quem gere os seus destinos. Sem dúvida ainda se continuará a ouvir falar da Herdade das Servas quando se ouvir falar de Bom Vinho

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