A semana passada tive a oportunidade de provar um vinho ao qual posso chamar de artesanal ou também vinho do desenrasco. A ideia de que qualquer um pode fazer uns litros de vinho foi-me vendida num ápice. A receita parece ter sido simples. Cachos de uva já colhidos tardiamente, castas de uva branca e tinta sem a mínima noção de que tipo de castas estariam no lotes, pisa em recipientes plásticos de larga capacidade e estágio em barrica de pvc por cerca de 3 meses. Ufa, isto de fazer vinho parece obra simples. Até parecia pelo que fui ouvindo. A curiosidade de conhecer o resultado ia aumentando.
Dos presentes que já haviam provado e bebido esta colheita de 2011 a percepção era unânime. Um vinho pouco encorpado, boa cor, leve, com pouco álcool e que parecia um sumo de fruta com algum grau alcoólico. Um experiência engraçada a repetir, com melhores resultados, para o ano - disseram bem alto.
Vamos então a isso. Directos para a adega. Chegando lá.... medo! Engarrafado em garrafas de Martini??? Ui, que se me afunila a garganta. Copo com ele. Vamos a isso.
Cor semelhante a um rosé com tonalidades mais escuras, com algumas impurezas, pequenos flocos brancos, estranho, nem quis saber. Aromas químicos, cola, verniz, com intensidade suficiente para cobrir tudo o que pudesse haver ali de suminho de fruta. Nada. Só a bela da cola cristal. Boca também ela desequilibrada, com passagem dos químicos também na boca. Bah. Deixa-me cuspir isto antes que me faça mal. Esqueçam lá o PVC que isso matou o vinho por completo. Engano meu? Continuaram a bebe-lo como se não houvesse amanhã. "Assim é que ele é bom. Levezinho e com pouco álcool." Pois fiquem lá com ele.
É isto o que podemos chamar de vinho artesanal? Penso que não e espero bem que não se pense nisto como uma forma rústica de produzir o próprio vinho. Mas o facto é que há consumidores que o preferem ao vinho de venda. Será mesmo assim? ou apenas areia para os olhos?
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