Na passada segunda-feira tivemos a primeira parte do Passatempo "Um Vinho, Uma Conversa". Tivemos Um Vinho. O Negreiros 2007. Agora a Conversa com Mário Negreiros. Amanhã a divulgação do vencedor do Passatempo.Como define o Negreiros?
Negreiros é, antes de tudo, uma família, um clã, um núcleo de afecto e de solidariedade. A grande referência desse núcleo é o meu pai, Joaquim, que herdou do pai dele, também Joaquim, a Quinta das Amendoeiras. É ele que orienta cada passo que, como administrador, dou na Quinta das Amendoeiras - nada, na Quinta, se faz ou desfaz sem a aprovação dele. E a Quinta das Amendoeiras também pretende ser um núcleo. Um núcleo físico em que o clã Negreiros possa estar junto, de que esta família se possa orgulhar. E é aí que entra o vinho. Queremos ter - e temos! - orgulho nele. Além disso, já há muito que sabemos que as uvas não sustentam uma Quinta no Douro, que é preciso acrescentar valor, ou seja, fazer vinho delas. Há, portanto, uma componente económica na nossa decisão de fazer o vinho Negreiros, mas até essa componente está a serviço do que a precede, que é o núcleo de afecto e de solidariedade que faz dos Negreiros uma família. O vinho Negreiros é, portanto, mais do que um vinho feito com amor. É um vinho feito por amor.
Depois da reabilitação da Quinta das Amendoeiras em 2004 foram produzidos vinhos com melhoria de qualidade de ano para ano. Como vê o futuro da Negreiros?
É verdade, salvo o grande tropeço de 2006, quando nenhuma garrafa produzida na Quinta das Amendoeiras se mostrou digna de receber o nosso rótulo, a qualidade só tem melhorado. Não tenho ilusões de que isso se mantenha assim para sempre. Haverá anos melhores e anos piores, mas - e o 2006 está aí para o provar - em anos melhores teremos mais Negreiros; em anos piores, menos Negreiros, e se em algum ano o nosso melhor vinho for inferior ao padrão mínimo que nos impomos (que é elevado), não tenha dúvidas: não haverá Negreiros. O que não podemos é meter o nosso nome num vinho que não o mereça.
Diante disso, o único futuro que posso esperar é a conquista - lenta, bem sei, muito lenta - da confiança dos consumidores. Ninguém aqui pretende fazer do Negreiros um "pop star". Nunca seremos um vinho de multidões, a nossa dimensão nunca nos permitirá uma grande visibilidade, mas, a pouco e pouco, vamos conquistando palatos, narizes e retinas (não necessariamente nessa ordem).
Diante disso, o único futuro que posso esperar é a conquista - lenta, bem sei, muito lenta - da confiança dos consumidores. Ninguém aqui pretende fazer do Negreiros um "pop star". Nunca seremos um vinho de multidões, a nossa dimensão nunca nos permitirá uma grande visibilidade, mas, a pouco e pouco, vamos conquistando palatos, narizes e retinas (não necessariamente nessa ordem).
Como foi receber a Medalha de Ouro no 18º Concurso Internacional de Vinhos de Montanha, em Courmayeur (Itália)?
Literalmente? Foi por e-mail. Um e-mail que imagino que tenha sido um texto geral a todos os "medalhados", a dizer alguma coisa como "em anexo, a sua premiação". Podia ser ouro, prata ou bronze. O meu coração começou a bater mais forte enquanto o computador abria o anexo. Quando se abriu e vi lá escrito "Ouro" fiquei radiante. Era o reconhecimento do nosso trabalho, a recompensa do esforço e, menos do que isso, a hipótese de aumento das vendas. E, quando digo que a medalha de ouro mais me importou pelo reconhecimento do que pelo que representasse de aumento das vendas não estou a ser demagógico. É que, de facto, há uma certa banalização das medalhas. Medalhas a mais tiram peso a cada uma delas. Mas nem todas são internacionais - portanto, menos sujeitas a simpatias (bem ou mal intencionadas). Mas, se quer saber qual foi a mensagem mais simpática que recebi depois dessa medalha, foi a do Manfred, do Chafariz do Vinho. Na sua objectividade germânica, enviou-me um e-mail lindo: "Parabéns! Quatro caixas". Já foram entregues. E pagas.
Um Grande obrigado pela disponibilidade demonstrada para com o Blog Comer, Beber e Lazer.
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