A questão do peso e formato da garrafa de vinho e a qualidade do que lá vem dentro não é, certamente, nova, mas já são inúmeras as vezes com que sou confrontado com situações de afirmação absoluta da qualidade de um vinho quando avaliado, não só o formato da garrafa, como também o seu peso e até o tamanho do buraco no seu fundo.
O formato mais ou menos excêntrico, com mais ou menos dourados, mais fora do comum e esteticamente apelativa faz soar logo um longo brado de qualidade do produto. Não só qualidade como preço mais elevado e perfeitamente justificado, pois se tem mais qualidade e vem num recipiente tão bonito por certo será e deverá ser mais caro.
Já o peso da garrafa é um de um efeito olímpico. "Eiche, olha-me só o peso desta garrafa! O vinho deve ser do outro mundo. E até dá para colocar o dedo grande todo no buraco do fundo da garrafa. Fabuloso!". Não há volta a dar. É raro conseguir convencer um consumidor menos conhecedor que nem sempre é assim. Aliás, e que cada vez será menos assim.
Quer num caso, quer no outro, cada vez o mercado é mais inundado com ambas as situações. Questão de marketing dirão uns? Ou mais procura pelo consumidor por este tipo de produto? Por mim pode ter uma justificação qualquer, mas a pergunta que coloco será mesmo se o peso e o formato da garrafa serão sinónimos de qualidade acrescida num vinho ou mesmo revelador de um produto muito acima da média?
E os grandes vinhos que nos aparecem em garrafas completamente normais? Por qual poder ou magia foram concebidos para chegarem ao patamar de vinhos de excelência sem se mostrarem mais bonitos e pesados?
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