Este fim de semana, após visitar a Adega Cooperativa de Borba, e depois do assentar da poeira que me poderia turvar o discernimento, pude olhar, em jeito retrospectivo cinematográfico, para toda a experiência. A velocidade das imagens foi galopante, todavia, pude perceber a grandiosidade de uma Adega Cooperativa de topo, quer em termos físicos, humanos e qualitativos. Momentos houve em que fiquei de boca aberta (acho que não fui só eu), atónito e siderado. Toda a infraestrutura, controlo de qualidade e produto final. Ainda antes de vós presentear com a reportagem de um dia inesquecível, gostaria de vos deixar uma pergunta. Eu já tenho a minha resposta, mas não posso deixar de vos deixar a questão. Uma Adega Cooperativa pode produzir vinhos de qualidade superior? e ombrear com os grandes produtores nacionais? As Adegas Cooperativas são história do passado ou realidade no presente e auspicioso futuro?
Se pode produzir vinhos de qualidade superior? Claro que pode. Só tem de ir ver onde é que estão os seus melhores sócios e separar o trigo do joio. Lembro-me de na década de 80, na zona de fernão pó, certos produtores ganharem montes de prémios nos concursos. Mas depois como eram sócios da coop de Palmela, ia a produção toda para lá. A mistura dos bons com os maus, dava um vinho mais para o mau!
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ResponderEliminarDo que vi e ouvi do Eng. Oscar Gato pareceu-me muita competência e acima de tudo paixão e orgulho no trabalho da Adega, assim sendo só podem sair coisas boas da Adega de Borba.
ResponderEliminarhá 2 minutos · Gosto.
Acredito que sim e pelo o que pude constatar nesta visita, desde que haja um investimento não só financeiro mas também na qualidade dos recursos humanos envolvidos e na vontade de efectivamente produzir algo muito bom, vejo mesmo com capacidade de "duelar" com outras referências privadas deste sector.Neste caso concreto consegui ver a união de duas coisas: capacidade de produção e qualidade no resultado final. Relativamente à última questão, serei mais generalista: acho que "pertencer ao passado" é o destino de muitas empresas deste sector... Trata-se de outros factores que não a denominação de Adega Cooperativa: péssima gestão de recursos e mau direccionamento técnico entre outros...
ResponderEliminarAssim sendo, e em jeito de resumo,acho que uma cooperativa como esta e com produtos como os que veremos nas próximas postagens,mais facilmente pertencerá ao futuro.
Janeiro,
ResponderEliminarEm primeiro lugar devo dar-te os parabéns pelo belíssimo post. Em segundo, congratular-te pela ousadia de um post reflexivo e provocatório.
A minha opinião:
As adegas cooperativas são, quanto a mim as que mais sofrem da heterogeneidade das vontades. Não é possível, sem uma cultura de qualidade por parte dos sócios, fazer vinhos de qualidade média, quanto mais de uma qualidade superior.
Reforço, o truque está na reeducação dos produtores, tanto na qualidade, como na questão cooperativa.
Há muita coisa para discutir sobre este assunto (produção), mas por agora quedo-me por aqui.
As adegas cooperativas devem ter uma politica de qualidade. Naturalmente que os associados deverão ser motivados para essa prática, sendo discriminados positivamento. Acredito que cada vez vez mais o espirito cooperativo pode ajudar a resolver o problema dos pequenos e médios viticultores. Será necessario que o poder instituido ajude este sector criando linhas de apoio especificas para o sector cooperativo
ResponderEliminarTrata-se então de uma questão de organização e boa gestão de todos os recursos? Ou será mais do que isso? E o consumidor? Prefere vinho de AC, de produtor "privado" ou apenas lhe interessa o preço?
ResponderEliminarAcho que existem consumidores para todos os vinhos, mas o preço para a maioria é o ponto principal.
ResponderEliminarAs Adegas Cooperativas não só podem, mas também devem produzir vinho de qualidade.
ResponderEliminarA vantagem dos produtores se juntarem numa cooperativa tem de começar a alcançar mais que o simples escoar da produção. É preciso que o produtor tenha orgulho na marca que o representa.
E a própria Cooperativa (seja esta ou outra qualquer) tem também a obrigação de honrar os seus associados. Tem certamente todos os recursos para produzir vinho de qualidade (e diria até de varias qualidades e apanhar vários segmentos de mercado).
É preciso que os projectos das Cooperativas se comecem a demarcar de ver da alguma má fama que ganharam. O próprios associados só têm a ganhar com o aumento da qualidade dos produtos finais e deve ser eles próprios a exigir essa mudança.
(Por último parabéns pelo post e por levantares esta questão e diálogo no blog. Tu sabes do que estou a falar..)
Há um problema corporativo em Portugal, sempre houve, está-nos no sangue. Se é certo que os sócios têm razões para se queixarem das administrações, não é menos verdade que os enólogos têm razões para se queixar dos sócios. Enquanto a política de pagamento estiver baseada na dicotomia preço/grau alcoólico, jamais uma cooperativa pode ser competitiva ao nível do nível super Premium.
ResponderEliminarDeixo a pergunta: Será que interessa, a uma cooperativa ser competitiva nesse nível?
Queres dizer que existe o sócio que prefere vender rápido e em grande quantidade, mas com menos qualidade do que apostar efectivamente na qualidade e competir ao mais alto nível? E porque não os dois mundos?
EliminarCarlos apaguei o anterior comentário que tive de corrigir e colocar de novo aqui fica: O importante nisto é acima de tudo uma direcção competente, a Coop. Borba antes era uma coisa sem alma, com direcções pouco vocacionadas para o que a Coop precisava para crescer, o trabalho realizado nos últimos anos foi o de puxar do fundo para onde se encontra hoje, há um claro e notório investimento, há vontade e paixão e há uma formação continuada no que toca aos seus associados, mesmo a nível de campo que permite uma qualidade maior do produto que lá vão deixar... Como se ouviu, já não há carros de mulas com a uva em bidon de ferro.
ResponderEliminarCerto é que o estigma de vinho de Coop ainda bate na cabeça de muito consumidor, bate ainda mais na cabeça dos consumidores de elites e de rótulos engalanados. O normal consumidor é da Cooperativa que bebe, são esses os vinhos que criaram fama na região, são esses os vinhos que nunca sendo caros acostumaram o grosso do pelotão consumidor a um perfil mais que fiável para um consumo diário. O resto veio com o tempo, a evolução chegou apenas aquelas Cooperativas que souberam primeiro curar os seus males e depois souberam crescer de forma sustentada, é isto que tem vindo a acontecer em Borba... e os vinhos que de lá vão saindo são exemplo do que falo. E a Coop de Borba é competitiva no segmento Super Premium, com vinhos de custo comedido e qualidade bem acima da média. Quem lá esteve sabe do que falo.
Não, a maior parte das cooperativas é alimentada por viticultores de longa data, muitos deles sem conhecimentos técnicos. Na sua maioria têm uma ideia errada do trabalho dos enólogos. A sua preocupação acaba quando a adega recebe as uvas. A partir dai “não é problema deles”. Ora, se a esta mentalidade adicionamos uma forma de pagamento baseada no grau alcoólico (ecos do passado!), rapidamente chegamos à conclusão que os critérios de qualidade para os sócios passam a ser outros ligeiramente diferentes daqueles que são para os enólogos.
ResponderEliminarDepois o vinho saia assim e assado, não se vende, e se não se vende atrasa-se o pagamento das uvas. Está mal.
Contudo, as cooperativas que sobreviverão, serão aquelas onde a forma de pagamento se basear nos critérios de qualidade do enólogo.
Carlos , não querendo deixar-te sem resposta às tuas pertinentes questões:
ResponderEliminarUma Adega Cooperativa pode produzir vinhos de qualidade superior? Pode.
e ombrear com os grandes produtores nacionais?
Em quantidade ombreiam e até superam, no que a qualidade diz respeito a conversa com o Oscar Gato foi essencial para entender que nem sempre esse pode ser o caminho, se bem que têm todos os mecanismos para produzir qualidade, mesmo quando toca a vinhas velhas e terroir se for caso disso.
As Adegas Cooperativas são história do passado ou realidade no presente e auspicioso futuro ? São um pouco de tudo, marcaram uma época e uma geração de consumidores, nos dias que correm aquelas que importam souberam adaptar-se à realidade , modernizaram-se e cresceram de modo sustentável, renovaram-se e conseguiram preparar-se de forma correcta para o futuro.
Joao, Então com a aposta correcta, e pelo que vi e ouvi na ACB, qualquer AC pode fazer vinhos de topo/premium (e nesse aspecto a ACB tem alguns).
ResponderEliminarÉ pena não termos a opinião do lado das AC. Seria interessante perceber se, como diz o Hugo Mendes, ainda se previligia a forma de pagamento em critérios diferentes da qualidade do enólogo ou se esta opção está a ser alterada. Ou mesmo se este é de facto um ponto determinante nos vinhos de uma AC.
Janeiro, não te esqueças de duas coisas:
ResponderEliminar1º As adegas Cooperativas são propriedade dos sócios, logo, a vontade que prevalece é, ou terá de ser a deles. Não necessariamente a mais correcta.
2º As cooperativas não são, nem nunca foram vocacionadas para fazer produtos super Premium. Nasceram da necessidade de acabar com a falta total e absoluta de salubridade dos vinhos e, mais importante ainda, para facilitar a regulação e o controlo.
Pessoalmente, penso que o papel fundamental das AC é a produção de vinhos de gama média, com relações qualidade preço boas e com regularidade. Penso que é um disparate esperar que se batam com produtores individualizados.
Resumindo, se algum dia aparecer um Barca Velha saído de uma AC é apenas a excepção que confirma a regra.
Abraço!
Bom tema este. Temos um grande exemplo em Portugal, Lavradores de Feitoria, em que basicamente não se designam por Coop. mas trabalham como uma, com a diferença que os produtores não querem somente vender a uva, mas sim que se façam bons vinhos, e conseguem.
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