Arribas Wine Company é um nome com poucos anos de vida no panorama vínico português e que poucos terão ouvido falar. Em 2017, Frederico Machado e Ricardo Alves decidiram, após várias experiências nacionais e internacionais, ter chegado o momento de desenvolver um projeto mais pessoal e que refletisse a filosofia de ambos.
Os laços familiares fizeram com que rumassem a norte, até à região de Trás-Os-Montes. Conta Frederico que seu Bisavô e o Avô eram de Bemposta, em Mogadouro e que, por sugestão de seu Pai, por ali começaram a procura por vinhas velhas.
Não demorou muito a encontrarem o que queriam e, pouco tempo depois, saía para o mercado o primeiro vinho: o
Saroto 2017 tinto que provei na altura e que, para além do nome que muito me dizia pelas minhas raízes transmontanas, vi um vinho diferente, com pernas para andar e com um perfil fresco, mais leve, com uma secura apetecível. Ficou na memória. Mais tarde bebi o Saroto 2018 branco, mais dificil de entranhar, mas sempre no sentido de despertar a curiosidade para o futuro que fui conhecer de perto há bem pouco tempo.
As vinhas velhas de onde hoje nascem uma série de referências estavam na sua maior parte esquecidas, praticamente deixadas ao tempo, abandonadas ou com um tratamento débil e em pré-abandono devido à idade dos seus proprietários. Aos poucos foram recuperando parcelas e mais parcelas e o mosaico de castas foi aumentando, contando com castas brancas como a Malvasia, o Verdelho, o Bastardo Branco,
o Posto Branco e o Rabigato; e tintas como o Verdelho Vermelho, a Tinta Gorda, o Bastardo, o Alfrocheiro, o Rufete, a Tinta Serrana, entre muitas outras.
A oportunidade de com eles visitar uma destas vinhas apenas tornou esta experiência ainda mais inesquecível. Vinhas de altitude, em plenas Arribas do Douro, com vista para Espanha, onde a denominação de Arribes Del Duero existe e faz todo o sentido existir e/ou "co-existir" com as Arribas do Douro portuguesas ainda sem denominação oficial. Potenciar o terroir Arribas do Douro?
Depois a passagem pelas adegas. Quando vos falarem em vinhos de garagem venham conhecer estes Homens. Primeiro fui até Travanca (a mais recente) e depois até Bemposta, ambas em Mogadouro e com pouca distância entre elas, mas o conceito é o mesmo, embora em Travanca já haja mais espaço e possibilidade de crescimento. Perdi a conta aos vinhos provados nesta manhã, todos directos de barrica ou inox, os Saroto (branco, tinto e um rosé/palhete), o Quilómetro, o Raiola, o Manicómio resultande de parceria com Dirk Niepoort e outros que ainda não se podem dizer. Fiquei com a certeza do grande trabalho que aqui é feito. Viticultura tradicional e sustentável e vinificação de intervenção mínima são os fios condutores deste projeto que procura elevar todo o potencial das Arribas do Douro e "salvar" muitas das vinhas velhas outrora votadas ao esquecimento. Parabéns!
ARRIBAS WINE COMPANY
TRÁS-OS-MONTES
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