ALICANTE BOUSCHET, TRINCADEIRA
EMILY E. RICHARDSON
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Os grandes vinhos revelam-se desta maneira. Passados 23 anos este tinto alentejano arrebatou-me praticamente desde o inicio de prova e confirmou a sua excelência à refeição, com o passar do tempo, com a habituação ao ar, com a ligação à carne da bochecha de porco, aninhando-se no seu jeito mais untuoso e complexo, brilhando neste casamento no qual leva frescura, acidez e fruta.
Cor vermelho granada, tonalidade tijolo, auréola luminosa, aspecto límpido. No nariz não esconde a sua fruta original, revela ainda a de cor vermelha e preta madura, amora silvestre, ameixa, ginja macerada, com a barrica completamente ligada, nota de pinho, caruma, balsâmico fresco, especiaria exótica, surprende pela elegância e frescura que ainda oferece. Na boca está estraordinário. O tempo aqui revela-se pela consolidação de cada pormenor, mais polido e macio, com uma acidez viva, fina, persistente e que lentamente envolve e abraça cada ponto, a fruta continua por cá e em forma, assente num tanino arredondado e pronto, mas que não se demite de dizer "presente". Largo, prazeiroso, guloso até, esconde a sua idade de forma extraordinária. O final de boca é extenso, vivaz e elegante.
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