O Adegga Wine Market 2011 teve este ano como grande novidade a inclusão de uma Sala Premium cujo conceito foi, mediante o pagamento de 20€, aceder a um prova exclusiva e vinhos e topo de Gama e Portos antigos incluindo vintages e colheitas. Sem dúvida uma oportunidade única para provar determinados néctares. Em grupos de 10 pessoas, e em 45 minutos, eram servidas e comentadas pelo Escanção e Sommelier Manuel Moreira estas preciosidades. Na minha opinião pouco tempo para conseguir desfrutar em plenitude de tamanha oportunidade, mas louve-se a iniciativa. Para o ano será ainda melhor.
Estiveram em prova os seguintes vinhos e pela ordem apresentada:
Ex-Aequo 2008 [Lisboa]
Cor rubi fechada, com leves violetas nos bordos do copo. Aromas limpos, com boa fruta, madura e com bom casamento com o estágio em madeira. Notas de chocolate, cacau e evidentes especiarias. Na boca apresenta-se com alguma secura, com continuidade da fruta, da sensação de chocolate e da boa harmonização com a madeira. Final de boca comprido, persistente e seco.
Cortes de Cima Incógnito 2008 [Alentejo]
Cor rubi escuro,as não completamente opaco. Aspecto muito límpido. Intenso no nariz a fruta vermelha e preta bem madura, com notas fumadas, algum vegetal e terra. Madeira bem casada e especiarias presentes. Boca com taninos suaves, seda, com continuidade de muita fruta em perfeito equilíbrio com a madeira, as especiarias e uma acidez viva. Final de boca longo.
Cortes de Cima Reserva 2008 [Alentejo]
Cor rubi mais concentrado que o anterior, igualmente de aspecto limpo e cativante. Aromas sedutores a fruta vermelha e preta bem casada, com notas de chocolate e cacau, ligeiros baunilhado e madeira bem casada. Boca em veludo, untuoso, corpulento, com continuidade da fruta madura e das sensações de chocolate. Acho-o perfeito. Um final de boca seco e comprido, um nunca acabar de boca.
Herdade do Peso Ícone 2007 [Alentejo]
Chega-se a nós com uma cor profunda e concentrada, com ligeiras nuances violeta, límpido e com lágrima muito definida. Aromas de uma exuberância marcante, com frutos vermelho e pretos bem maduros bem presentes, embora o destaque vá para os frutos pretos. As especiarias continuam presentes, mas a caixa de tabaco é agora também sentida. Grande complexidade aromática que se verifica também na boca. Complexo. Grande estrutura e equilíbrio, com muita fruta fresca e um final longo, longo.
Niepoort Robustus 2007 [Douro]
Cor rubi concentrado e opaco com ligeiros violetas no bordo do copo. Exuberante nos aromas a fruta preta do bosque bem madura e fruta silvestre igualmente bem madura, com notas de fumo, especiarias, cacau e madeira tudo em excelência. Na boca revela-se poderoso, opulento, com a fruta em grande evidencia, tudo muito redondo, fresco e com garra para continuar a envelhecer em garrafa com qualidade. O final um estrondo e inacabável.
Niepoort Robustus 2005 [Douro]
Cor rubi concentrado, escuro. Aromas mais contidos embora ainda com a intensidade da fruta vermelha e preta bem madura, com notas de especiarias e mais madeira. Na boca revelou-se com mais aspereza, mais seco e consequentemente com um final mais curto que o 2007. A nota de boca acaba por ser um pouco condicionada a esta secura mais pronunciada e evidente.
Niepoort Robustus 2004 [Douro]
Cor de um rubi carregado, fechado e opaco. Aromas intensos a fruta madura silvestre e frutas do bosque pretas, com algumas notas vegetais e notas evidentes a especiarias. Regressam os aromas a terra e a fumados.Na boca toque de veludo, seda bem conjugados com a fruta madura, com muita frescura, muito redondo e equilibrado. Muito elegante, isto é, essencialmente elegante e fresco. Um final de excelência, comprido e persistente.
Niepoort Robustus 1990 [Douro]
A expectativa era grande. Talvez toda a história à volta deste Robustus o engrandeça ainda mais, nos faça activar as papilas gustativas só de pensar na possibilidade de o provar. Sei lá. O facto é que agora que o provei posso alinhar pela opinião dos que já tiveram esse privilégio. Continuamos a sentir a fruta quer no plano aromático, quer na boca. Cor tijolada, aromas com frutas madura, todavia já com notas de aromas terciários, algum couro. Boca larga, encorpado, vivaz e ainda com muita pujança. Um final persistente.
Niepoort Colheita 1976 [Porto]
Cor âmbar brilhante, muito límpido, com ligeiros laivos alaranjados. Aromas fruta seca, amêndoas, mel e toque a iodo. Boca untuosa, com toque de veludo, muito equilíbrio entre álcool, acidez e doçura. Apresenta ainda uma frescura notável e alguma secura no final.
Poças Colheita 1976 [Porto]Cor âmbar translucida, com alaranjados no bordo do copo. Aromas frescos com fruta passa e seca, nozes e avelãs em destaque. Na boca apresenta-se corpulento, gordo, enche a boca,com notas evidentes de mel, menos fruta na boca do que no nariz e alguma explosão do álcool por cima do restante conjunto. Final comprido e fresco.
Villar d’Allen 20 Years [Porto]
Um Tawny 20 anos em forma. Cor âmbar acastanhado com laivos esverdeados muito leves, de aspecto límpido e brilhante. Nariz de intensidade média, com fruta seca e passa, mel e algum tostado com caramelo. Boca untuosa, toque meloso, com uma doçura acima do álcool e da acidez mas não sendo em exagero. Final de boca adocicado, persistente e comprido.
Agrellos 40 Years (Bottled in 1988) [Porto]
Cor âmbar com tonalidades castanhas esverdeadas, aspecto límpido com lágrima muito definida. Aromas exuberantes a frutos secos como a nozes, avelãs e amêndoas, com ligeiro químico e iodado. Na boca está gigante e poderoso. Equilibrado, com uma vivacidade extraordinária para a idade e com a fruta seca e passa bem casada com as notas de mel. Um final de boca longo, longo.
Graham’s Vintage 1970 Private Cellar [Porto]
Cor avermelhada, muito límpida e translucida. Aromas a uva passa, ameixa preta passa, figos secos, tudo um pouco escondido. Na boca melhora, é cheio, com alguma untuosidade, ainda com notas de fruta madura bem presente. Num vinho de 40 anos... incrível frescura e elegância.
Graham’s Colheita 1969 Special Edition [Porto]
Cor âmbar com laivos esverdeados e aromas a fruta passa, como o alperce, e a fruta seca, como as nozes e amêndoas, bem entrelaçados com as notas doces do mel e da laranja confeitada. Na boca primeiro toque de veludo e um pouco untuoso e gordo, alguma explosão de álcool mas desaparecendo de imediato. Continuidade da fruta, com notas de mel, toffee e caramelos. Faz lembrar um pouco os caramelos da Régua. Final persistente.
Que cor!!! Um dourado com reflexos, muito leves, de tonalidade verde claro, translúcido. Aromas com boa intensidade, com notas de verniz, iodo, uma acidez química mesclada por entre a fruta seca, com muita noz. Na boca porta-se como se fosse mais novo, com uma acidez acutilante e demonstrativa da sua constituição com algumas castas brancas. Um final de boca fresco, químico e persistente.
Por fim, e devido a um atraso na entrega, provei o Esporão Private Selection 2007, já fora da Sala Premium, tendo passado cerca de 15 minutos, mas a ser chamado para que a contenda ficasse completa. Assim vale a pena!
Esporão Private Selection 2007 [Alentejo]
Cor rubi muito concentrada, praticamente opaca, negra. Aromas instensos a fruta vermelha e preta bem madura, com notas evidentes de tosta, café, ligeiro toffe e cacau. Especiarias presentes em fundo. Muito bom. Na boca surpreende-nos pujante, com força, com taninos a dizer presente mas de toque já bastante polido e redondo. Gostei do final de boca e da certeza que vai continuar em garrafa com grande qualidade por mais uns anos.
Obrigado a Andre Ribeirinho e o resto da equipa Adegga para tonarem este evento numa tradição anual!
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