quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Wine Bloggers na José Maria da Fonseca

No passado dia 22 de Outubro tive o prazer de estar presente na José Maria da Fonseca (JMF) em Azeitão, para um evento que considero inovador em Portugal e que demonstra a importância crescente dos Wine Bloggers no mundo do vinhos. A JMF convidou a sua casa Wine Bloggers portugueses com o objectivo de dar a conhecer um pouco melhor a realidade desta empresa e provar alguns dos seus mais recentes lançamentos. Sem dúvida uma ocasião singular.
A visita começou com o passar pelas memórias de uma casa com dois séculos de história, desde a mais simples máquina manual de engarrafamento até aos barris dos famosos "torna viagem", passando depois pelos jardins até chegar às Adegas, em particular à Adega dos Teares onde em ambiente de mosteiro pudemos olhar para a sala onde os maiores tesouros desta casa descansam. Que pena não conseguir passar pelas grades!
Seguimos então para o espaço de provas, onde acompanhados por uma equipa da JMF e do próprio Eng. Domingos Soares Franco se provou e aprendeu muito, mas mesmo muito.
A primeira parte da prova começou com algumas das marcas mais presentes no mercado, marcas que são bem conhecidas do mercado e do consumidor.
Quinta de Camarate 2010 (Branco Seco)
Um branco elaborado a partir das castas Alvarinho e Verdelho, com ligeiros ascendente da primeira. Apresenta cor citrina, com leves esverdeados, muito límpido e brilhante. No nariz continuidade da fruta citrina, com muito frescura, algumas notas leves a fruta tropical, elegante. Boca com muita vivacidade, nivel de acidez médio. Final fresco e citrino.

Quinta de Camarate 2010 (Branco Doce)
Uma  pequena surpresa elaborado a partir das típicas castas do vinho verde e da região do Minho Alvarinho (75%) e Loureiro (25%) mas aqui produzidas na região da Península de Setúbal. Cor citrina, cristalina, com aromas perfumados a fruta tropical, com alguma lima bem casada. Boca com toque suave e doçura média, sem se tornar chato, com bom equilibrio entre o doce e o nivel de acidez. Ideal para um aperitivo, entradas leves ou mesmo a solo.

Quinta de Camarate 2008 (Tinto)
Este tinto é fruto de um blend de Touriga Nacional (48%), Aragonês (21%) Cabernet Sauvignon (17%) e Castelão (14%). Apresenta cor rubi, com ligeiros violetas. No nariz aromas intensos a fruta madura vermelha e preta com leve floral e especiarias em fundo. Evolui no copo para algum cacau.  Boca com taninos suaves, muito equilibrado na conjugação da fruta com a acidez e o teor alcoólico. Seguro e com final de média duração.

Pasmados 2008 (Tinto)
Elaborado a partir das castas Touriga Nacional (53%), Syrah (38%) e Castelão (9%)  para a obtenção de um tinto de matizes de um rubi cativante, límpido e brilhante. Aromas com  frescura, muita fruta fresca amora silvestre e cereja, acompanhada de especiarias e mesmo alguma baunilha. Na boca suavidade ao toque, untuoso,  boa complexidade, equilíbrio notório. Não desilude e deixa satisfação. Final de boca persistente, fresco e elegante. Apostaria nele para mais uns aninhos de garrafa.

A segunda parte da prova começou com um interessante de dúvidas em relação à casta Verdelho e à casta Verdejo, que embora sejam consideradas por muitos como sendo a mesma, foi observado que assim não o é quer desde ainda videira até ao produto final, o vinho.
Continuamos com uma não menos interessante experiência de prova da casta Grand Noir com diferentes processos de fermentação: Fermentação em Inox, Fermentação em Lagar e fermentação em Talha. Cada fermentação imprimiu no vinho o seu carimbo muito pessoal nos passos principais da prova sensorial. As cores, aromas e sabores são diferentes e cativam a cada pormenor. Muito interessante a mineralidade da casta quando fermentada em lagar e o terroso da fermentação em talha. Experiências a repetir.
Depois continuar com as provas de grandes vinhos tintos e licorosos desta casa.
Domini Plus 2008 (Tinto)
Um Douro com Touriga Franca (65%), Tinta Roriz (20%) e Touriga Nacional (15%) com uma cor rubi profunda, cativante. No nariz as exuberância dos frutos do vermelhos e pretos, notas terrosas e de cogumelos em perfeita harmonia. Boca suave, com complexidade, com equilíbrio embora se note um pouco as notas terrosas a subir em relação à fruta. Um dos meus preferidos desta tarde. Notável como a Touriga Franca aqui marca a sua diferença.

FSF 2007 (Tinto)
As castas presentes são a Syrah (44%), Trincadeira (48%) e Tannat (8%) e o resultado é simplesmente fantástico. Apresenta uma cor rubi concentrada com um perfil aromático poderoso e complexo com muita fruta vermelha madura. ligeiro vegetal com notas especiadas, cacau e baunilha. Na boca continuamos o perfil já indicado no nariz, com uma acidez fantástica, muito guloso, redondo e gordo.Irá com toda a certeza envelhecer com qualidade.

Periquita Superyor 2008 (Tinto)
Aqui a casta predominante é sem dúvida a Castelão (92,6%) tendo ainda pequenas percentagens de Tinta Francisca (2,4%) e Cabernet Sauvignon (5%) que conferem alguma acidez e complexidade de boca à Castelão. Cor rubi escura, concentrada de aromas limpos, com destaque para a fruta madura e uma frescura intensa, com ligeiras notas especiadas e um travo a manteiga. Boca com corpo, complexo e equilibrado, com leve travo bem encorpado a madeira, apresentando um final longo, longo, longo....

J de José de Sousa 2009 (Tinto)
A última prova de tinto com uma novidade. O J de José de Sousa 2009. Grand Noir (45%), Touriga Franca (45%) e Touriga Nacional (10%) compõem o blend. Ruby intenso  e cativante, nariz exuberante a fruta vermelha e preta madura bem casada com aromas a relacionados com o tempo de estágio em barrica, cacau, toffee, especiarias e alguma baunilha. Adorei a parte aromática deste tinto. Na boca apresenta-se com toque sedoso, subtil, sedutor. Um final de boca comprido, elegante.
Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal 1998 (Armagnac)
Cor âmbar perfeita, despertando aromas característicos da casta moscatel, muito floral. Neste Armagnac o plano aromático é dominado pelas notas mais meladas, caramelo e consequente tostado. Boca mais gorda e 
Apresenta cor âmbar ligeiramente mais escurecida, com laivos esverdeados formando uma aureola castanha-esverdeada no bordo do copo. Límpido e brilhante. Aromas a laranja confeitada, frutos secos, melaço, caramelo, uma delicia para os sentidos. Na boca toque untuoso, gordo, com excelente equilíbrio de doce e acidez e com um final de boca persistente, fresco, delicioso.

Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal 1999 (Cognac)
Este Moscatel apenas está presente numa companhia de cruzeiros do norte da Europa. Que pena, digo eu!! O aroma não engana. A subtileza é marca. Floral, com leve notas ao denominador Cognac, sempre em pés de lá. Boca também com uma doçura diferente, leve, guloso e cativante. Muito fresco. Mais uma vez, que pena não haver em terras Lusas.

Colecção Privada DSF Moscatel Roxo 2003
Cor ambar com laivos dourados, alaranjados de média concentração. No nariz nota para a fruta seca e passa como o figo seco, melaço e toques florais. Na boca é untuoso, toque de seda com continuidade da fruta seca e passa, tostados e caramelo, com um nivel de acidez bem casado com a doçura do mesmo. Um final elegante e duradouro ou de oiro.
 
Moscatel Roxo 20 Anos
Apresenta cor âmbar ligeiramente mais escurecida, com laivos esverdeados formando uma aureola castanha-esverdeada no bordo do copo. Límpido e brilhante. Aromas a laranja confeitada, frutos secos, melaço, caramelo, uma delicia para os sentidos. Na boca toque untuoso, gordo, com excelente equilíbrio de doce e acidez e com um final de boca persistente, fresco, delicioso.

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