Na ementa, que não se pretende muito extensa e que se quer fléxivel à velocidade da mudança das estações do ano, pretende-se evidênciar o produto do mar, como também apostar na multiculturalidade da oferta com influências do mundo inteiro e não escondendo a forte componente da tradição gastronómica portuguesa.
A nossa experiência trouxe sabores novos e interpretações novas de alguns pratos com os quais nos cruzamos habitualmente, todavia para além de todo o sabor, conseguiu trazer através destes, memórias que pensávamos não ser possível resgatar. Este poder que a comida tem de nos fazer voltar no tempo é extraordinária e nem sempre aproveitada. A experiência é maior e a magia acontece naturalmente, mantendo-nos o sorriso durante toda a viagem.
A proposta no couvert, mas marca desde logo uma posição de qualidade e sabor. Iniciar um caminho desta forma é maravilhoso. O Pão de Massa Mãe, ainda quente e estaladiço é um atentado à gula de pão que todos temos e a Manteiga Noisette e Café de Cebola apenas incentiva mais neste registo pecaminoso. Provavelmente uma das manteigas trabalhadas mais saborosas que alguma vez comi.
Como opções de entrada/snack para partilhar duas surpresas que se mostraram escolhas certeiras. A Bola de Berlim recheada com Camarão, molho Béarneaise, cebolinho, açúcar e sal de camarão parece ter caído do céu e foi o primeiro momento de regresso ao passado. Regresso aos dias em que, ainda adolescente, passava os dias nas praias de Cascais e não havia tarde que a bola de Berlim não fizesse parte do lanche. A vertente salgada desta delícia funciona às mil maravilhas e é um dos obrigatórios na visita.
A Focaccia caseira e tostada com cogumelos à Bulhão Pato, Gema a baixa temperatura e parmesão ralado consegue trazer à mesa a cozinha italiana e a tradição do receituário português numa ligação cheia de sabor e que convence os mais cépticos. Destaque para a leveza do conjunto quando esperava uma experiência mais gorda e pesada.
Nos pratos principais, com um prato de peixe e um de carne, o Xerém de Bacalhau foi o primeiro desafio. A criação deste prato merece os nossos parabéns pela sua riqueza e complexidade, mas sobretudo pelas camadas de sabor que vamos descobrindo garfada após garfada. Por outro lado, para quem se diz adverso ao tradicional xerém, pode esquecer tudo o que conhece até este momento e apostar neste prato como escolha de sucesso. Um prato de conforto fabuloso.
O prato de carne levou-nos até ao Alentejo com a Presa de Porco Preto, Migas, gel de laranja e Jus de Porco, levando-nos ainda mais longe no que concerne a boas memórias. Na mesma refeição existirem dois momentos em que somos envolvidos por memórias de criança não costuma ser habitual, mas aconteceu neste dia. O principal culpado dá pelo nome de Migas e com elas foi possível recordar as migas de família. Sabor e aroma. Tão bom.
Fechamos em doce com a Maça assada com gelado de Crème Brûlée. Sabores conhecidos em texturas e formatos menos habituais. O contraste quente e frio é obrigatório.
Cada momento é apresentado e descrito ao pormenor, levando a um natural e descontraído diálogo com quem nos presta o serviço, criando um estado de conforto e familiaridade feliz.
A carta de vinhos não é muito extensa, mas é bem organizada e com boas opções para maridagem com a comida. Copos adequados, temperaturas acertadas, valor para o vinho e para a experiência como um todo.
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ART RESTAURANT
HOTEL ARTSY
Tipo de Cozinha: Autor, Fine Dining, Influência Alentejana e Alfacinha
Copos de Vinho Adequados: Sim
Vinho a Copo: Sim
Estacionamento: Fácil (Pago e Gratuito)
Preço médio sem bebidas: 40€
Horários: Aberto todos os dias 12:00h às 15:00h
Morada: Avenida Dom Carlos I, N° 246
2750-310 CASCAIS
Telefone: +351 210 132 390
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