O Marco do Jerez compreende o triângulo entre Jerez de La Frontera, Sanlúcar de Barrameda e Puerto de Santa Maria. Aqui, mais de 3000 anos de ligação à produção de vinho permitiram desenvolver métodos de vinificação próprios e exclusivos num solo único no mundo. Também o sistema de estágio é único. Criaderas e Soleras imprimem um perfil único e ao mesmo uma garantia e qualidade ano após ano.
Resumidamente esta foi a base da proposta/desafio que o Blogger João Pedro Carvalho, autor do Blog
Copo de 3, lançou e muitos aceitaram. Conhecer alguns vinhos desta região e harmonizá-los com
Conservas Nero e com a presença de
Joaquim Arnaud e as suas Paletas fabulosas . Sem dúvida, um casamento feliz.
Os vinhos em prova foram o Manzanilla San Leon, das Bodegas Argueso; o Fino La Ina, das Bodegas Lustau; o Amontillado NPU, das Bodegas Sanchez Romate; O Palo Cortado Regente, das Bodegas Sanchez Romate, o Oloroso Alfonso, das Bodegas Gonzales Byass e o Pedro Ximenez Nectar, das Bodegas Gonzales Byass.
Os vinhos brilharam, as Conservas Nero brilharam, as delicias gastronómicas preparadas pelo Restaurante O
Solar dos Pintor brilharam e os participantes estiveram à altura.
Manzanilla San Leon
Cor citrina e aspecto límpido. Aromas discretos, com notas de flores, camomila, alguma presença salina. Na boca a primeira palavra que nos sai é... SECO. Com continuação de notas salinas, acidez presente, mas não marcante e um final de boca com ligeiro fecho amargo. Excelente ligação com o presunto do mar, a muxama ou mojama.
Fino La Ina
Este fino apresenta aromas quase imperceptíveis, com o tempo faz lembrar um pouco uma aguardente caseira, com alguma amêndoa e pão a levedar. Na boca é extremamente seco, com o estalo da aguardente embora com menos álcool. Toque herbáceo, austero e com notas de amêndoa em final.
Amontillado NPU
De cor âmbar com ligeiras tonalidades esverdeadas, este chega-nos com perfil aromático mais refinado, muita fruta seca, principalmente nozes e avelãs, e notas de caixa de tabaco. Na boca voltamos ao perfil seco embora menos austero que os anteriores e mais aprazível. Os frutos secos e uma acidez muito equilibrada fazem dele uma óptima escolha para prato de fumados, atum, caril ou variações com cogumelos.
Palo Cortado
Regente
Cor âmbar, intenso, carregado, com ligeiros acastanhados. No nariz surpreende-nos com muita laranja amarga, citrino, casca interior da laranja e boa conjugação com frutos secos. Complexo e desafiante. Boca redonda, macia, com a presença dos frutos secos, muita avelã, muita noz e num final com notas tostadas de café. Delicioso.
Oloroso Alfonso
Apresenta tonalidades âmbar mais escuras e concentradas, leves esverdeados. Perfil aromático com algum mel, boa presença dos frutos secos, alguma fruta passa, tudo muito delicado, com muito pormenor nos detalhes. Na boca continuamos dentro do que se esperava, com muita força, muita fruta seca, algum melaço a dar um toque mais doce, suave e de final longo. Precisa de comida. Estufados ou queijos curados acompanham muito bem.
Pedro Ximenez Nectar
Cor de caramelo liquido, escuro, concentrado, com lágrima de aspecto persistente, de correr denso e espesso. No nariz extremamente rico e complexo, chegam notas de marmelada, geleias, figo seco, mel, totalmente avassalador. Leva tudo à frente. Na boca cai qual xarope. Denso, mastigável, melaço, muito doce, mas também com boa acidez. Um final de boca que dura de um dia para o outro.
Em conclusão, um excelente momento de partilha de saber, para muitos dos presentes o primeiro contacto com este género de vinhos. Uma experiência a repetir num
take 2 com a fasquia um pouco mais acima.