Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha. Se não vamos à Ilha do Pico conhecer os vinhos produzidos nesta ilha do Arquipélago dos Açores, então os vinhos vêm até Lisboa dar-se a conhecer. Este foi, sem dúvida, o objectivo da apresentação dos vinhos do Pico em Lisboa, com jantar de degustação no
100 Maneiras Bistro a cargo do
Chefe Ljubomir Stanisic, e promovido pela
ACIP (Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico ) em parceria com a
Escola de Formação Turismo e Hoteleira dos Açores.
Quantos de nós, portugueses, conhecemos o vinho produzido no Pico? Quantos de nós, portugueses, consumimos vinho produzido no Pico? E quantos de nós, portugueses, já bebemos vinho produzido no Pico? A resposta será muito poucos.
Esta foi para mim uma oportunidade única para não só conhecer melhor os vinhos, mas também a sua história; perceber a qualidade dos seus brancos e dos seus licorosos; conhecer o potencial gastronómico de uma região e a espantosa harmonia entre os vinhos e a mesa.
A apresentação começou com António Maçanita a conduzir os convidados por entre um misto entre Formação em Vinhos dos Açores e uma prova cega de vinhos dos Açores em comparação com os mais conhecidos Vinho Verde, Xerez e Madeira. O resultado foi surpreendente, as aproximações mais que muitas e as dúvidas foram-nos assaltando à medida que a prova avançava. Como leigo no vinhos desta região limitei-me a absorver o máximo de conhecimento possível e também a ficar surpreendido com o nível de qualidade dos vinhos dos Açores apresentados.
Seguiu-se depois o jantar de degustação, no qual o
Chefe Ljubomir Stanisic fazendo jus aos produtos dos Açores, confeccionou uma ementa num perfeito equilíbrio e ligação com vinhos do Pico.
Um Clássico Contemporâneo! com
CURRAL ATLÂNTIS 2005 LICOROSO | VERDELHO, ARINTO DOS AÇORES
O prato consistia num foie gras fresco salteado com ananás confitado e creme de tomate inglês onde a ligação entre a acidez do ananás e do tomate ligavam na perfeição com a gordura do foie gras. O vinho, de cor âmbar definido e aromas delicados a maresia ligava ao prato pelo seu perfil seco e com alguma doçura de boca. Funcionou como um colheita tardia e não se sentiu cá a sua falta.
Pureza do Mar com
INSULA PRIVATE SELECTION 2013 BRANCO | ARINTO DOS AÇORES
Ostras e Cracas dos Açores com kiwi e espuma do mar a mostrar uma frescura e uma sensação a mar estupenda. A ligação vínica esteve à altura. De cor citrina, aromas finos, com muita frescura e mineralidade e uma boca com muita maça verde, lima e marmelo a tornar todo este prato uma verdadeira experiência de mar.
São poucos os que se dão com espargos... com
CURRAL ATLÂNTIS 2013 BRANCO | VERDELHO, ARINTO DOS AÇORES
Um viciante risoto de espargos com salada do mesmo, salmonete e maracujá em ligação com um branco de cor amarelo citrino, aromas com notas a maracujá, toque salino e mineral e na boca a soltar toda a sua acidez e secura para uma ligação perfeita ao espargo e ao toque mais untuoso do risoto. Perfeito!
Bairrada à moda do Pico com
FREI GIGANTE 2012 BRANCO | ARINTO DOS AÇORES, VERDELHO
Crocante leitão enrolado em linguiça e acompanhado com inhame cozinhado de várias formas tendo como companhia um branco de cor citrina e brilhante, com aromas intensos, maracujá, algum vegetal e herbáceo e notas mineral, salinas e com frescura. Na boca um citrino acutilante, seco e ligar com as propriedade mais gordas do leitão e da linguiça.
From Russia With Love com
CZAR 2008 LICOROSO | VERDELHO, ARINTO DOS AÇORES, TERRANTEZ DO PICO
Brilhou aqui a tarte de bolo de véspera com queijo do Pico, fruta, Neveda e compota de tabaco numa ligação com o licoroso que arrebatou quem esteve presente. Cor âmbar intensa e definida. Aromas frescos, com fruta seca e fruta passa, nozes, uva passa, alperce e figo seco, um conjunto complexo e desafiante. Na boca, não tendo aguardente vinica adicionada, surpreende pela estrutura, pelo seu equilíbrio e pela cremosidade que apresenta. Que pena existirem poucas garrafas.
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