A poucos minutos da cada mais movimentada cidade de Estremoz fica a pacata aldeia de São Lourenço de Mamporcão onde, há poucos meses, se viu renascer, com cara renovada e feitio alentejano com uma pitada de sotaque do Brasil, uma tasca moderna onde a especialidade é a cozinha alentejana com lenha, carvão, muito vagar e o com o serviço familiar e de aconchego que nos faz sentir como em casa.
Luciano Baldin e Lúcia Meireles são as caras sorridentes que nos recebem de braços abertos para uma experiência única, descomplicada e onde a ordem é para que se aproveite o momento e os sabores ricos desta cozinha.
Chef de cozinha há mais de duas décadas, Luciano Baldin, natural de São Paulo, no Brasil, guiado pelo sonho de conceber um projecto no qual o sabor, a tradição e a inovação estivessem presentes e apostado na simplicidade e descomplicação do prazer de comer, aproveitou a oportunidade de aquisição da tradicional Tasca Zézadas para deixar tudo para trás e lançar mãos à obra. A sua mulher, Lúcia Meireles, artista plástica nascida no Rio de Janeiro, juntou-se à aventura e ambos dão agora músculo e amor a uma tasca arrumada, onde dá vontade de entrar e onde a comida continua a ser o maior chamariz.
Sala renovada, mas mantendo apontamentos da antiga estrutura que nos rementem para o ambiente de Tasca, com pormenores e cantinhos especiais, cheio de luz e linhas sofisticadas sem nunca perder o calor e o sentido de aconchego que se sente ao abrir a porta de entrada e ao assomar pela primeira vez para o interior do restaurante.
A ementa, não muito extensa, mas focada no essencial, trás consigo a cozinha de vagar, do fogo lento de forno a lenha, dos aromas que nos assaltam ainda na rua, que nos chamam e convidam a entrar, dos pratos da cozinha alentejana, alguns com assinatura muito pessoal, todos gritando sabor, trazendo memórias gastronómicas de outros tempos que pensavamos esquecidas, mas que estavam apenas adormecidas.
O couvert é simples, indo buscar sabores tradicionais, sendo composto pela manteiga temperada, o piso de azeitonas e a sobrasada caseira, rica, intensa de aroma e sabor, com a textura perfeita para barrar nas fatias de pão alentejano delicioso e viciante que também fazem parte do conjunto.
O abraço quente das sopas e dos sabores bem tradicionais e conhecidos chegam à mesa com a
Açorda Alentejana, na qual o bacalhau, no ponto de cozedura certo, se mistura com o poejo, os coentros, o alho, o azeite e o ovo para um prato intenso e reconfortante; e o
Creme de Favas com Mouro, trazendo uma interpretação das regionais favas com chouriço Mouro de Estremoz, aqui em creme, com o ovo escalfado e verdadeiramente único.
Continuamos para o refrescante
Coelho de Escabeche aqui preprarado a frio e com a junção dos principais ingredientes um pouco antes de ser apresentado à mesa. Daí a imensa frescura de sabores, fazendo com que seja um excelente no seguimento das sopas.
O momento seguinte é daqueles que toda a tasca que se preze devia contemplar na ementa. O bom
Chouriço de Carne, aqui com a marca evidente do carvão e na companhia da mostrada, para quem goste e de uma fresca salada estilo pico de gallo, que pela primeira vez juntamos ao chouriço assado e que vos dizemos que funciona a 100%. A repetir.
Como prato principal o
Guisado de Galo foi o escolhido. Expressão máxima da cozinha alentejana com vagar. O galo chega chega de produção regional próxima, sono profundo em vinho tinto alentejano e forno de lenha por várias horas. O resultado é extraordinário. A carne mantém a estrutura, mas solta-se do osso ao toque mais leve e o sabor é de se ficar à mesa em silêncio apenas a aproveitar o momento. Como deve ser e como é pretendido.
A esmagada de batata doce que o acompanha não fica no prato. Faz ligação certeira ao galo e aos sabores mais complexos do prato. Um verdadeiro repasto de outono-inverno a não perder.
Havendo ainda força e vontade de terminar com algo doce foi dado lugar ao
Bolo de Queijo de Cabra, de textura macia, aveludada, que chega em fatia, mas que se come à colher, de sabor mais fresco e equilibrado, sem o queijo marcar em demasia, nem demasiado doce.
O doce seguinte, ainda não prsente na carta, é daqueles que se fosse possível e não houvesse um pouco de vergonha a temperar a coisa até a taça se lambia. Maravilhoso!
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TASCA ZÉZADAS
Tipo de Cozinha: Regional Alentejo
Copos de Vinho Adequados: Sim
Vinho a Copo: Sim
Estacionamento: Sim
Preço médio sem bebidas: 24€
Horários: Quarta-feira a sábado 12:00h às 15:00h e 19:30h às 22:30h; Domingo das 12:00h às 15:00h
Morada: R. Humberto Delgado 35