Herdade do Rocim no Consultório do Amor Pelos Espumantes Portugueses

O Consultório do Amor pelos espumantes portugueses, de Agostinho Peixoto, convidou, na sua 23º edição, a Herdade do Rocim, tendo como seu representante o Enólogo Pedro Ribeiro, e um Louco por espumantes para que, durante mais de uma hora e acompanhados por três espumantes deste produtor, se pudesse falar mais um pouco acerca dos espumantes portugueses, da Herdade do Rocim e de qualquer outro tema que surgisse no momento.
O Louco por espumante convidado desta vez fui eu e posso dizer que fiquei com vontade de um regresso próximo. A conversa, em modo bem descontraído, trouxe para cima da mesa o momento actual do Espumante, do reconhecimento, cada vez mais acentuado, da sua qualidade e do trabalho que todos os produtores têm feito nesse sentido, mas também conseguir falar acerca do que se preve serem os próximos anos deste produto.

Conhecer mais de perto os espumantes escolhidos pelo Pedro Ribeiro para acompanhar a conversa e de como a Herdade do Rocim tem trabalhado no sentido de colocar no mercado um produto de qualidade (muita qualidade) foi também uma experiência riquissima.

Os espumantes vêm já a seguir e pode voltar a assistir à conversa aqui.

 

BOJADOR ESPUMANTE BRUTO BLANC DES BLANCS 2018 BRANCO | IVV | 12,5% | PVP 12€

ARINTO

ESPAÇO RURAL - RECUPERAÇÃO E DESENVOLV DE ESPAÇOS RURAIS, LDA

16,5

Cor amarelo citrino, tonalidade esverdeada, bolha muito fina e persistente. Aroma perfumado, com notas de citrinos frescos, maçã verde, fruta de caroço, ervas aromáticas, pedra lascada e alguma fermentação. Na boca boa presença da espuma, leve, bolha suave, sem marcar, boa secura, acidez vincada, com a fruta citrina fresca, alguma toranja, termina longo, persistente e elegante.

HERDADE DO ROCIM ESPUMANTE BRUT NATURE 2017 ROSÉ | ALENTEJO | % | PVP 14,30€

TOURIGA NACIONAL

ROCIM, LDA

17,5

Cor salmão acobreado, bolha de aspecto finissima e persistente. No nariz os aromas a fruta encontram-se num bom casamento com as notas mais de panificação. Fruta de pomar, polpa branca e amarela, alguma fruta vermelha e depois as notas de brioche e pastelaria fina num registo com elegante e quase como a servir apenas de amparo, assim como os leves tostados em fundo. Espuma leve e aberta, mousse cremosa, harmoniosa, parece mais gordo do que se esperava, mas revela ao mesmo tempo uma secura acutilante e persistente que o leva a ter um final de boca com um comprimento impressionante.

HERDADE DO ROCIM ESPUMANTE GRANDE RESERVA BRUTO NATURAL 2014 ROSÉ | ALENTEJO | 12,5% | PVP 28,50€

TOURIGA NACIONAL

ROCIM, LDA

18

Cor rosa salmonada aberta, ligeiro acobreado, bolha de aspecto finissima e persistente. Na parte aromática a fruta vermelha surge de forma muito delicada e tímida, dando lugar às notas de panificação, levedura, bolacha de manteiga e leve tostado, elegante e envolvente.  Na boca revela uma espuma leve, consistente e persistente, com boa cremosidade, mostrando apontamento de fruta com acidez, secando bem o palato e terminando longo e pleno de elegância.

Kopke Vintage Port 2011

KOPKE VINTAGE PORT 2011 | PORTO | 20% | PVP 45€
VINHAS VELHAS, TOURIGA NACIONAL
SOGEVINUS FINE WINES, SA
18

A mais antiga casa de Vinho do Porto. É verdade. É um curiosidade bem interessante saber que ainda antes de haver a demarcação da região do Douro, já existia a Kopke. Foi fundada em 1638 e faz todo o sentido que no Dia Internacional do Vinho do Porto possa publicar acerca de um Porto desta casa. Confesso que da Kopke tenho vindo a provar muito mais Colheitas que Vintages e que tenho a mesma como uma das casas que me deu a conhecer colheitas de elevadíssima qualidade, mas este Vintage 2011 conseguiu superar as minhas expectativas, revelando ainda uma fruta no seu esplendor, ainda raçudo, com muita elegancia e equilibro no conjunto. 

Cor vermelho retinto, opaco e denso, com lágrima escorreita, lenta e bem definida. Exuberância da fruta preta madura nos aromas, fruto de árvore, ameixa preta e cereja, ainda a mostrar concentração, alguma especiaria, principalmente pimenta preta e balsâmicos respirantes e refrescantes, com ligeira nota de hortelã. Boca com estrutra, embora já com algum polimento, pelo tempo de garrafa, a mostrar garra, doce bem medido, equilibrado, em conjunto com um tanino sólido e expressivo, com a fruta a continuar a ter um papel de destaque e com término de boca longo e elegante. 

Sendo que não acabou de sair para o mercado mostrou-se jovem e com potencial de guarda imenso. 

A ligação fez-se com chocolate. Um semi-frio de Ferrero Rocher que foi desaparecendo na mesma medida que se ia esvaziando a garrafa,

Fresh From Amphora 2019 Tinto

FRESH FROM AMPHORA 2019 TINTO | ALENTEJO | 12% | PVP  12€
MORETO, TINTA GROSSA, TRINCADEIRA

ROCIM, LDA
16,5

 

Por Toutatis, estes Alentejanos são loucos! Uma abordagem ao conceito Nat Cool e à sua filosofia de vinhos descontraídos e fáceis de beber, resultante da parceria entre a Herdade do Rocim e a Nieeport, em garrafas de litro e com uma versão alentejana de Obélix a carregar uma talha em vez de um menir.

Estamos da presença de uma vinho que atinge o objectivo, bebe-se de forma alegre e despreocupada, revelando frescura, com a fruta bem bonita e com a leveza que se quer dele. 

Mais uma boa aposta no renascido mundo do Vinho de Talha.

Cor vermelho rubi intenso, média concentração, coloração mais aberta, aspecto límpido. No nariz mostra a fruta vermelha bem nítida e fresca, destaque para o morango e a franboesa, com o lado mais terroso a seu lado, ligeiro vegetal em fundo, sem sobreposições, harmonioso e elegante. Na boca surpreende com uma acidez vivaz, que nos seca o palato, com alguma rusticidade, mas plena de fruta fresca e sumarenta, dando prazer a beber, deixando-nos levar para um final de boca longo e elegante.

A grelha com um mix de carne de porco com alguma gordura para picar, um entremeada, um secreto ou um lagartinho e um copo de vinho, ligeiramente refrescado... ou mais que um. Recordo que a garrafa é de litro.

Ribeiro Santo Excellence Grande Escolha 2019 Branco

RIBEIRO SANTO EXCELLENCE GRANDE ESCOLHA 2019 BRANCO | DÃO | 13% | PVP  25€
ENCRUZADO

MAGNUM - CARLOS LUCAS VINHOS, LDA
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O Encruzado nas mãos de Carlos Lucas, com uvas exclusivamente da propriedade Ribeiro Santo, solos e origem granítica com grandes afloramentos xistosos a cerca de 400-600m de altitude. Creio ter sido um pouco cedo e que o tempo em garrafa esquecido por mais um ou dois anos o fará crescer. Tem esse potencial, por isso vale a pena deixá-lo esquecido na garrafeira.

Cor amarelo citrino, aberto, tonalidade esverdeada, aspecto jovem e límpido. Contido de aromas no inicio, foi aos poucos mostrando a fruta de pomar fresca, maçã e pera, alguma fruta amarela, ameixa, notas florais, água de rosas, tostado leve mantendo-se em segundo plano,  assegurando mais fruta e frescura. Boca com dimensão, largura, boa untuosidade e cremosidade bem temperada pela acidez mais acutilante, continuando a mostrar a fruta fresca num plano superior às notas vindas da barrica, ligeiro travo final mais amargo finalizando longo e persistente.

À mesa fará boa parelha com um peixe assado no forno, com estrutura, complexidade, cebola caramelizada em azeite, peixe gordo com certeza.

Murganheira Espumante Bruto Vintage 2011 Branco

MURGANHEIRA ESPUMANTE VINTAGE BRUTO 2011 BRANCO | TÁVORA-VAROSA | 13,5% | PVP  26,95€

PINOT NOIR

SOCIEDADE AGRÍCOLA E COMERCIAL DO VAROSA, SA
18

 

Um grande Cuvée, classificado como Vintage devido à sua excelência. Bastaria dizer isto para apresentar este espumante de grande nível, tanto a nível da sua qualidade, como também depois à parte estética da garrafa e do rótulo tão relevante para quem compra um vinho deste tipo. 

A companhia perfeita para acompanhar apenas uma boa conversa, como também, não me canso de o dizer, capaz de fazer parte de qualquer ementa como harmonização. Neste caso, até à sobremesa o vejo chegar.

Cor rosado com nuances acobreadas e salmonadas, tonalidade aberta, bolha finissima, persistente e rápida. No nariz mostra perfil frutado, maçã, pera e marmelo, com notas de panificação e brioche, algum crumble maçã, algum amanteigado, elegante e fresco. Boca com presença de espuma leve, sensação de bolha finissima, mousse envolvente e acidez acutilante, fina, a secar a boca de forma gradual e a ficar depois de forma persistente, revelando novamente a maçã e o marmelo bem fresco, uno e harmonioso, com final de boca longo.

Quinta Serra d'Oura Reserva 2017 Rosé

QUINTA SERRA D'OURA RESERVA 2017 ROSÉ | TRÁS-OS-MONTES | 12,5% | PVP  14,90€
FIELD BLEND 

CARLOS MANUEL ALVES BASTOS
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A beber vinho rosé no inverno? Com todo o prazer. Um rosé que não se deixar ir em modas e que mostra não só o terroir onde nasce, mas também demonstra que, cada vez mais, os rosés não são só para os dias tórridos do verão. A elegância e frescura estão cá, assim como uma acidez muito bem medida, corpo com alguma gordura e versatilidade para a nossa mesa.

De qualquer forma, no verão, será uma das apostas vencedoras para combater o calor e para fazer companhia aos pratos da época. 

Cor salmonada intensa, aberto, tonalidade ligeiramente acobreada, aspecto límpido e jovem. No nariz mostra uma fruta vermelha muito elegante, morango, framboesa, com floral bem ligado, ténue tostado, alguma pimenta branca, pedra lascada, harmonioso. Boca com bela presença, acidez fina, elegante, com alguma cremosidade e largura de boca, assente na sua fruta de qualidade, fresca, com tensão e final de boca longo. 

Boa companhia para a cozinha asiática, saladas de verão, petiscos à base de peixe, muito versátil.

Prior Lucas Falala Espumante Blanc De Noirs 2018 Branco

PRIOR LUCAS FALALA ESPUMANTE BLANC DE NOIRS 2018 BRANCO | BAIRRADA | 12,5% | PVP  11€
SYRAH, BICAL, MARIA GOMES 

RUI ANTÓNIO DA COSTA LUCAS
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Este é um espumante que carrega consigo um peso emocional bastante elevado para Rui Lucas. Plantar uma árvora, ter um filho e escrever um livro. Rui Lucas em apenas um ano completou duas destas tarefas de vida. Plantou uma árvore e teve uma filha. Falta o livro. Mas este espumante conta já um capítulo, com o nome da filha, Mafalda, ou melhor, "Falala" que é o nome da sua filha dito pela mesma quando começou a falar. O vinho também é isto. 

Cor amarelo citrino, tonalidade ligeiramente esverdeada, bolha muito fina e persistente. No plano aromático destaque para o conjunto fino e elegante, revelando notas de maça verde e marmelo, leve toque de panificação, biscoito de manteiga com nota tostada, fundo salino e com pedra lascada. Na boca continua a revelar um perfil de elegância e delicadeza, espuma leve e ampla, secura fina e gradual, maça verde fresca, travo salino, nota de biscoito mais evoluído, final de boca longo e elegante.

Com a elegância e frescura ideal para inicio de refeição e conversa, mas com acidez e estrutura para continuar pela refeição em diante com pratos com mais alguma gordura. Por exemplo, como uns bolinhos de bacalhau ou com pratos à base da conserveira de peixe nacional.

CARM 2018 Tinto

CARM 2018 TINTO | DOURO | 14% | PVP  7,49€
TOURIGA NACIONAL, TINTA RORIZ, TOURIGA FRANCA
CARM CASA AGRÍCOLA ROBOREDO MADEIRA, SA
15,5

 

Tinto duriense pronto a beber, com muita fruta, tanino polido, macio e apelativo, sente-se a temperatura da região. Para beber a uma temperatura um pouco mais baixa e manter durante a refeição, com carne vermelha, grelhada, na companhia de um mix de vegetais também na preparados na grelha. 

Cor vermelho rubi, tonalidade violeta, média concentração, aspecto límpido e jovem. No nariz mostram-se os aromas de fruto preto silvestre, amora, ameixa e cereja, alguma compota, licor de fruta, notas da passagem por barrica ligadas. Boca com volume médio, equilibrado e macio ao toque, tanino polido, pronto, fruta madura destacada, final de boca longo.e persistente.

Burmester Late Bottled Vintage Port 2015

BURMESTER LATE BOTTLED VINTAGE PORT 2015 | PORTO | 20% | PVP  15,49€
TOURIGA NACIONAL, TOURIGA FRANCA, TINTA RORIZ, TINTA AMARELA, OUTRAS
SOGEVINUS FINE WINES, SA
17

Um Late Bottled Vintage (LBV) com uma agradável relação qualidade-preço, jovem, como gosto deles, ainda com força e garra, com harmonização com chocolate e queijos de pasta mole, nao muito intensos, mas com aquele travo "a queijo" e, às vezes, uma fruta de pomar cozida ou mesmo uma tira de marmelada velha.

Cor vermelho retinto, tonalidade violeta, roxo escuro, concentrado, opaco, lágrima definida, límpido. Aromaticamente exuberante, revelando a fruta preta madura, a amora silvestre, a ameixa e cereja preta, aroma silvestre, bem ladeada pelo ligeiro perfmado floral, notas de chocolate preto, especiaria fina, um fresco mentolado, casca de eucalipto, envolvente. Presença de boca volumosa, macio e sedoso, veludo, com doce equilibrado e elegante, voltando novamente a uma fruta preta de qualidade e que marca, nítida, mantendo sempre um registo harmonioso e terminando longo e persistente.

Quintas de Borba Reserva 2016 Tinto

QUINTAS DE BORBA RESERVA 2016 TINTO | ALENTEJO | 14% | PVP  7,90€
ARAGONEZ, ALICANTE BOUSCHET, TOURIGA NACIONAL
ADEGA COOPERATIVA DE BORBA, CRL
16

 

A Adega Cooperativa de Borba habituou-nos a vinhos com qualidade, a vinhos nos quais confiamos e sabemos que a nossa expetativa não será defraudada. Este até me deu mais. Não conhecia esta gama e fiquei, mais uma vez, convencido.   

Cor vermelho rubi intenso, média concentração, vivo e de aspecto límpido. Aromas a fruta vermelha e preta madura, notas de barrica bem ligadas, especiaria, leve floral, balsâmico, fresco. Boca com bom volume, toque macio e untuoso, acidez equilibrada, novamente com uma fruta bonita e sumarenta, tanino polido, conjunto equlibrado e com final de boca longo e persistente.

Os pratos com carnes vermelhas serão os aconselhados sendo que, a cozinha italiana, as pastas, pizzas e outros se juntam também muito bem a ele.

Quinta dos Avidagos Grande Reserva 2016 Tinto

QUINTA DOS AVIDAGOS GRANDE RESERVA 2016 TINTO | DOURO | 14,5% | PVP  40€
TOURIGA NACIONAL, TINTA RORIZ, TOURIGA FRANCA, VINHAS VELHAS
QUINTA DOS AVIDAGOS, SA
18

Estamos da presença de um vinho poderoso, onde a vinha velha age como intérprete secundário, com actos de actor principal e que resultam num vinho que dá um prazer imenso a beber desde já, mas que revela uma capacidade de guarda enorme e que nos faz saltar a curiosidade de tentar perceber o que anos de sono na garrafeira poderão trazer (mais) a este vinho. 

Cor vermelho granada intenso, concentrado, denso e opaco, aspecto límpido e jovem. No nariz a fruta preta madura e a fruta silvestre mostra-se fresca e com intensidade bem medida, a amora, a ameixa e a cereja bem ladeadas por perfumados florais de violeta, imprimindo frescura, notas especiadas, a pimenta em destaque, balsâmico em fundo, harmonioso e fresco. Boca poderosa, com volume e estrutura, enche o palato, envolve-o com o certa cremosidade e boa secura, tanino guloso, firme, aliado à fruta sempre muito definida e bonita, num conjunto equlibrado, onde o tempo de barrica e de garrafa lhe dá largura, complexidade e um final de boca longo e persistente.

Se pode haver momentos mais certos do que outros para a levar para a mesa, este é certamente um deles. As temperaturas mais baixas chamam o receituário onde a carne acaba por ser o ingrediente principal e onde a complexidade do prato e o conforto que transmitem à alma casam na perfeição com este vinho.

Na Biblioteca: A Vida e as Receitas Inéditas do Abade de Priscos

Este livro marca o regresso aos livros no Comer, Beber e Lazer, uma das minhas paixões de longa data, e que aqui terão o seu lugar com mais destaque neste novo ano.

A vida e as receitas de Manuel Joaquim Machado Rebelo, por todos conhecido como Abade de Priscos, não se resumem apenas ao famoso Pudim e este livro, que está escrito de uma forma deliciosa, agarra-nos desde a primeira página numa viagem por um dos momentos mais notáveis da história da gastronomia Portuguesa. 

Mário Vilhena da Cunha, neto de uma sobrinha do Abade, e Fortunato da Câmara, renomado crítico gastronómico, são os responsáveis por esta obra e pelo conjunto de documentos extraordinário que a mesma apresenta.

 

Aconselho a todos que gostam não só de livros com a tradicional descrição de receitas, mas também pela nossa história gastronómica, pelo conhecimentos dos ingredientes utilizados e porquê, os vinhos que acompanhavam os banquetes, a essência da coisa. Apaixonante.
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A VIDA E AS RECEITAS INÉDITAS DO ABADE DE PRISCOS
MÁRIO VILHENA DA CUNHA, FORTUNATO DA CÂMARA
TEMAS E DEBATES

CIRCULO DE LEITORES
PVP: 22€
LIVRARIA BERTRAND, FNAC, WOOK E OUTRAS

Painel Reserva 2000 Tinto

PAINEL RESERVA 2000 TINTO | DÃO | 13% | PVP  -€
TOURIGA NACIONAL, JAEN, TINTA RORIZ

CAVES DO FREIXO, SA
16,5

Nem só de novidades vive um enófilo e encontrar verdadeiros tesouros na sua garrafeira é por vezes tão estimulante como abrir uma garrafa acaba de sair para o mercado.

Desta vez viajei até à região do Dão para ver como se encontrava este vinho com 20 anos de sono bem dormido em garrafa. Esta região produz vinhos com uma capacidade de guarda espectacular, adoro como, de certa forma, evoluem, se transformam e aparecem anos depois no nosso copo ainda com um lado jovem, fresco e elegante aliado ao poderio imenso de harmonização à mesa. Este, para minha felicidade, não foi diferente.  

Cor vermelho de média concentração, já com tonalidade alaranjada, mais desvanecido, aspecto limpo. No plano aromático desfilam notas de uma fruta vermelha e preta levemente licorada, alguma ginja, mantendo uma presença fresca arbórea, pinhal, algum cedro, leve turfa molhada e lado balsâmico envolvente, com uma hortelã a aparecer à medida que o vinho vai abrindo no copo. Esconde bem a sua idade. Na boca nota relevante para a vivacidade e frescura com que se apresenta, muito elegante, mostrando aqui uma fruta mais jovem em ligação com um tanino domado, polido, mas que não se esconde fazendo parte de um conjunto harmonioso e com final de boca longo e persistente.

Andou a fazer companhia a pratos de carne assado no forno, bem temperada e com molhanga para o pão embeber. 

Soalheiro Alvarinho 2020 Branco

SOALHEIRO ALVARINHO 2020 BRANCO | VINHOS VERDES | 12,5% | PVP  9€
ALVARINHO
VINUSOALLEIRUS, LDA
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A tradição ainda é o que era. Na passada noite de fim de ano lá abri a garrafa de Soalheiro, conhecido por Soalheiro Clássico, que, sem dúvida alguma, o é verdadeiramente. Assim, acabadinho de chegar ao mercado, faço gosto de o provar ainda dentro do ano de colheita. Curiosidades minhas, sem valor, mas adicionando a isto, o facto é que resulta num pairing magnífico para o marisco cozido que costumo fazer chegar à mesa nesta noite.
Cor amarelo citrino aberto, com tonalidade esverdeada, límpido e jovem. No nariz mostra a sua fruta madura e fresca bem definida, as notas tropicais do maracujá e da pera rocha madura, com o seu traço salino e mineral em fundo bem característico. Na boca a mostra uma acidez frutada acutilante, mostra a fruta em primeiro plano, bem definida, secando o palato gradualmente, ficando depois persistente e fina. Leve e harmonioso, termina longo e elegante.

Neste momento, aparece com a fruta mais definida, mais à solta, tendo por sua companhia uma elegância e marca salina mais protagonista que as colheitas anteriores. 

Família Horácio Simões Tradição 2019 Branco

FAMÍLIA HORÁCIO SIMÕES TRADIÇÃO 2019 BRANCO | PENÍNSULA DE SETÚBAL | 13% | PVP 5,95€
VINHA VELHA
HORÁCIO SIMÕES
16

Pouco acima dos 5€ um branco que tem como base as uvas de uma vinha centenária, tida como uma das mais antigas da região onde é produzido, e que revelou uma frescura e elegância que me surpreendeu, assim como uma acidez vibrante bem interessante a elevar o conjunto.

Cor amarelo citrino aberto, tonalidade esverdeada, aspecto jovem e brilhante. Aromas predominantes da fruta de pomar madura, alperce, damasco, pessêgo, citrinos ao lado, toque floral, perfil fresco. Boca com algum volume e complexidade, untuosidade cortada por uma acidez bem medida, que persiste, que envolve, lado a lado com a fruta madura, sumarenta, num conjunto harmonioso e com final de boca longo.

Apesar de lhe reconhecer o potencial de verão, com peixe grelhado e outras coisas desse momento do ano, a verdade é que se alinhou muito bem com um peixe assado no forno. Fica a dica.

XXVI Talhas Mestre Daniel Talha XV 2019 Tinto

XXVI TALHAS MESTRE DANIEL TALHA XV 2019 TINTO | ALENTEJO | 14% | PVP  34€
TINTA GROSSA
ACONCHEGO DA ALDEIA
17,5

Um vinho de talha, feito a partir de uma só casta, a Tinta Grossa, vinda toda de uma pequena parcela, e neste caso também com o vinho de apenas uma talha, a XV. Todo o processo segue o mais tradicional possível e o resultado é um vinho tinto elegante, com uma frescura natural, cativante e guloso, que nos agarra a cada copo bebido. 

Cor vermelho rubi intenso, média concentração, aspecto límpido e cativante. A fruta preta aparece no plano aromático bem distinta, madura, ameixa, cereja, amora, lado a lado com toque mais terroso, alguma turfa molhada, fresco e envolvente. Boca de porte médio, com mais estrutura e densidade do que esperava, boa rugusidade, a secar lentamente o palato, com nota de cantaro, com a fruta cheia de sabor e um toque ligeiro de alguma resina a compor o conjunto. Final de boca longo, a continuar cativante e guloso.

Maçanita Gouveio By Joaninha 2019 Branco

MAÇANITA GOUVEIO BY JOANINHA 2019 BRANCO | DOURO | 13,5% | PVP  17,90€
GOUVEIO
MAÇANITA VINHOS, LDA
17

Irmãos e enólogos. António e Joana. Este Gouveio da Joaninha (by Joaninha) faz parte do projecto a dois dos manos Maçanita que produzem vinhos a duas mãos, assim como vinhos que são visões mais particulares de um ou de outro como é este o caso. 

Irmãos e enófilos. Foi aberto e bebido com o meu irmão. Ambos apaixonados pelo vinho e neste caso com uma casta do nosso Douro. Um Gouveio de altitude, vinhas a 700 metros acima do nível do mar, com toda a sua pureza, sem barrica, com fermentação e estágio em inox.
Visualmente de cor citrina, aberto, tonalidade esverdeada, aspecto jovem, límpido e brilhante. No plano aromático mostra o fruto citrino bem fresco e nitido, como o limão, a toranja ou a bergamota, juntando-se a estes alguma nota de maça verde e uma carga salina e mineral bem presente. A boca revela, mais uma vez, a fruta citrina e a maça verde, acidez a mostrar-se acutilante e acídula, com boa tensão, frescura, novamente as notas salinas e pedra lascada, uno, harmonioso e com final de boca elegante e longo.

S. Sebastião Touriga Nacional 2017 Tinto

S. SEBASTIÃO TOURIGA NACIONAL 2017 TINTO | LISBOA | 14% | PVP  6,99€
TOURIGA NACIONAL 
QUINTA DE S. SEBASTIÃO - MULTIWINES, LDA
16

 

Um Touriga Nacional muito atrativo e interessante, que deve ser bebido agora para que se possa aproveitar toda esta fruta, frescura e riqueza de um conjunto muito alegre e bem feito.

Cor vermelho granada intenso, concentrado, auréola mais aberta, aspecto límpido e jovem. No nariz pontuam os aromas a fruto preto silvestre e de árvore, amora, ameixa e cereja, ladeado por floral bem medido, notas de bosque, pinheiro, rico, refrescante mentolado em fundo. Boca com textura, boa secura, envolve o palato, toque polido, untuoso, com muita amora, fruto preto bem presente, especiado, barrica a dar-lhe profundidade e volume, conjunto equilibrado, final de boca longo.

Os pratos de carne serão aqueles que lhe farão mais justiça, pratos com mais complexidade e mesmo alguns queijos.

Quinta do Gradil Maria do Carmo 2017 Branco

QUINTA DO GRADIL MARIA DO CARMO 2017 BRANCO | LISBOA | 15% | PVP 49€

SEMILLON, ALVARINHO
QUINTA DO GRADIL SOC VITIVÍNICOLA, SA
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A primeira publicação do ano tinha de ser assim. Começar com um grande vinho, um branco que, na minha opinião, entra directo para o lote de grandes brancos portugueses e que, com certeza irá consolidar esse estatuto com próximas colheitas.

Uma homenagem ao espírito criativo, indómito e desafiador de Maria do Carmo Romeiro da Fonseca que ao 20 anos de idade herdou a Quinta do Gradil e que soube desenvolver ao longo do tempo. Este é um vinho também desafiador ao perfil que estamos mais habituados, mas que surpreende e que nos agarra desde o momento em que abrimos a garrafa.

Cor amarelo intenso, tonalidades douradas, ainda com leves reflexos esverdeados, aspecto límpido e brilhante. Aromaticamente de grande complexidade, mostrando alguma fruta tropical e citrinos maduros, damasco, pêssego, tangerina e maracujá, com toque floral, bem ligados com a presença das notas vindas do estágio em barrica, tosta leve, algum fruto seco torrado, envolvente e vivo. Boca com volume, corpo bem medido, untuosidade boa, bem acompanhada pela acidez acutilante, a secar gradualmente o palato, sem se impor pela agressividade, com uma fruta muito boa, mantendo a sua frescura e elegância, com término de boca longo e persistente.

À mesa é um branco para comida poderosa, peixes no forno ou caldeirada do mesmo, mas adorei a ligação com um queijo de pasta mole da nossa Serra da Estrela.